O projeto de aterramento de um parque eólico deve iniciar-se com uma campanha de medições de resistividades do solo de forma que venha abranger os maior espaçamento, podendo ser aplicado o arranjo de Wenner ou Schlumberger. Com base neste conjunto de informações será possível a obtenção de modelos de solo que sejam efetivamente representativos de todo o volume de solo que estará envolvido nos processos de dissipação de correntes elétricas para o solo, quando da ocorrência de curto-circuitos para a terra em algum ponto da rede elétrica.
A determinação da configuração de aterramento das torres tem por objetivo o atendimento do desempenho desejado para o sistema de aterramento, expresso pela obtenção do valor de resistência de aterramento especificado e pelo controle das tensões de passo e de toque na base da torre, quando da ocorrência de uma falta para a terra na RMT ou no cubículo de MT na torre. Para efeitos de padronização e de facilidade dos trabalhos de campo, o projeto dos aterramentos das torres deve iniciar pela configuração básica, que prevê anéis de aterramento interligados às armaduras de fundação e ao aterramento do poste da RMT. A conexão do aterramento da torre à RMT deve ser localizada na base do poste da RMT, acessível e de fácil desconexão, para efeito de medição de resistência de aterramento da torre.
Caso a configuração básica não atenda ao desempenho do sistema de aterramento estabelecido pelo projeto, pode-se incluir um ou dois condutores contrapeso, usualmente lançados paralelamente ao traçado da RMT ou a via de acesso à torre.
Tensão de Passo e Toque
As tensões máximas toleráveis de passo e toque devem ser calculadas com base nos critérios estabelecidos na ABNT NBR 15751.As tensões de passo e de toque devem ser calculadas considerando a parcela da corrente de falta a ser dissipada localmente pela estrutura, devendo ser inferiores aos valores máximos toleráveis. Para a mitigação dos riscos associados às tensões de passo e toque, além de ajustes na geometria do aterramento.
INTEGRAÇÃO DOS ATERRAMENTOS
O cálculo do aterramento de um conjunto de torres (seja um grupo ou o parque todo) deve considerar os aterramentos das torres interligados pelo cabo para-raios da RMT ou por um condutor de aterramento enterrado ao longo da sua faixa de passagem,incluindo subestações coletoras e aterramentos das torres anemométricas. Se o sistema de aterramento do parque for todo interligado, ele vai incluir todas as torres de aerogeradores e anemométricas, assim como a interligação com a SE coletora. O modelo geoelétrico, neste caso, deve ser considerado de duas formas:
- Visto de uma torre específica, com base no modelo de solo aplicável aquela torre; ou
- Modelo geral para o conjunto de torres considerado, baseado na combinação de sondagens
rasas (arranjo de Wenner e/ou de Schlumberger) com sondagens profundas (AMT ou TDEM).
Na impossibilidade de atender a um critério de resistência de aterramento e superação dos limites das tensões de toque e passo para torres individualmente, situação que ocorre em condição de solo de elevada resistividade (> 3 000 Ω.m), deve-se calcular a impedância de aterramento vista da base da torre, considerando as interligações com as demais torres do cluster ou de todo o parque.